segunda-feira, 24 de dezembro de 2012



Natal - Renascer na Própria Vida


Tudo é produzido através do nascimento. A vida que caminha em cada espaço desse planeta, origina-se da reprodução, gerada por um tempo em ou por outro ser. As ideias, os pensamentos, a criação, as inovações, absolutamente tudo, nasce. O povo hebreu definia esse processo como salvação, considerando que a vida era a única responsável por reproduzir e manter, assim, a vida. Associava o fenômeno às bênçãos de Jeová, o operador do grande milagre frente à ignorância e as limitações dos seres humanos errantes que marcavam seus passos nas trilhas da evolução. Na mesopotâmia era celebrado o Zagmuk cuja finalidade era abolir os pecados do povo. Os nórdicos cultuavam o Yule, uma celebração em homenagem ao retorno do sol, o retorno do verão e as novas possibilidades de vivência fora das proteções que enclausuravam do frio. Rainer Sousa (http://www.brasilescola.com/natal/historia-natal.htm)

Os romanos também direcionavam suas festividades para a volta do grande astro solar, uma homenagem ao Deus Sol “Natalis Solis Invicti”, ou o Nascimento do Sol Invencível. A marca cristã, gerando uma hegemonia inquestionável no mundo ocidental, configurou na condensação entre as tradições pagãs e os valores cristãos propagados. Contextos similares, em datas muito próximas, somados ao advento da eclosão católica, formalizaram o natal como marco do surgimento dessa nova filosofia. Um dos propósitos históricos para essa significação foi a de angariar um número maior e significante de novos convertidos à religião e aos propósitos do estado.


“Mesmo a Bíblia não especificando o nascimento de Cristo, as autoridades cristãs fizeram a escolha desta data, que foi mais tarde reconhecida pelo Papa Julius I (337 -352). Com o processo de expansão e regulamentação das tradições do cristianismo, o feriado natalino ganhou enorme força ao seguir o próprio processo de expansão da nascente religião. Dessa maneira, o Natal conseguiu se transformar em uma das principais datas a serem comemoradas pelos cristãos de todo o mundo.” Rainer Sousa (http://www.brasilescola.com/natal/historia-natal.htm)



Apesar de todo o contexto histórico relacionado às causas e justificativas do surgimento do natal, outros excessos foram se agregando as comemorações. Natal não é neve. Papai Noel é uma mera figura alegórica, simbolizando o amor e a benevolência, adotada pelo comércio como garoto propaganda para potencializar as vendas e colocar o dedo na ferida dos fiéis que se comprazem com as necessidades de suprirem eventuais culpas ou manterem amenizadas algumas das dificuldades cotidianas com aqueles que se relacionam. As renas, parceiras de trabalho de Noel, também se originam da cultura nórdica e da realidade europeia, afinal, não neva numa temperatura acima de 30º e os bichinhos sequer voam na realidade.


Após alguns séculos e situados às margens do terceiro milênio, o resgate essencial do simbolismo natalino se faz crucial para a vida das pessoas. Não está no presente, a maior de todas as ofertas que se pode conceder ao que convive comigo. Não são as comilanças e nem a bebedeira que celebra, de fato, seus propósitos. A data natalina é, de fato, um marco para a rotina humana, pautado ao renascimento. Valores precisam de lembranças, reflexões e uma nova postura a serem aplicados. A inversão de padrões vigentes, insatisfatórios à felicidade e ao bem estar individual, familiar e social. É a renovação dos ensinamentos e, muito além disso, da prática proferida por Cristo em sua caminhada. É o abraço não dado, os beijos esquecido. As palavras de carinho e de reconhecimento perdidas pela loucura dos dias passados. É um brinde a oportunidade de renascer dentro da própria vida. É lembrar a nossa capacidade de transformação, de maturidade e de evolução. É reconhecermos que de fato temos um irmão com visão, igual que se diferenciou e que conquistou para todos através da renúncia e da disciplina de saber de sua tarefa.



O natal deveria nos abrir horizontes e conscientizar de que fomos feitos a imagem e semelhança de Deus. De que somos criaturas criadoras e que essa função nos obriga a contribuir e a participar das devidas mudanças tão necessárias para a harmonia com os nossos e em nossa morada como um todo. Os tão narrados envolvimentos festivos entre as pessoas, caberiam o alerta de que a festa termina e de que o equilíbrio é necessário se perpetuar. Que na verdade, todos os dias são necessários estarem envoltos nas intenções amorosas dedicadas a poucos minutos da obrigatoriedade religiosa e mercantilista que cercam o que de fato marcaria o ícone cristão. O natal deveria ter por razão, a renovação dos princípios missionários que cada um de nós carrega, inclusive aos que se intitulam ateus. Somos dotados da responsabilidade social, crendo ou não em Deus. Pessoas de todos os tipos, idades e credos precisam de nós e somente nos terão, no momento em que desnudarmos nossas almas da presunção, do orgulho e do egoísmo que nos fazem reclusos e reféns da própria insanidade produzida.


Fazer de conta que se adora a Jesus não basta. Até mesmo, porque um dos únicos não convidados para as bodas, é o próprio aniversariante. Natal deve ser o marco da interrupção das queixas, o abandono da preguiça e a interrupção de delegações que fazemos aos outros das nossas mazelas. É a data para nos aproximarmos, efetivamente, da razão de sermos os únicos responsáveis por nossos processos. Rever nossas escolhas e redirecionarmos as nossas vidas. É a hora de sentar e de pensar, atitude essa pouco exercitada. Um momento para ofertar o diálogo entre os seus. Reconhecer as responsabilidades que afetam os resultados nas interações. Organizar e planejar uma nova forma de vida. Enfim, renascer à vida. Se isso de fato ocorrer, nada melhor do que o fazer à mesa, comendo e bebendo, rindo, chorando, mas, fundamentalmente, amando-se.


Desejo a todos um instante de profundas, serenas mas sinceras reflexões, originando consciência à sombra de tudo aquilo que não se consegue ver, perceber e se processar. Anseio pelos abraços aos que estão à volta de cada um. Os beijos estalados pela motivação que o faz estar e conviver com cada um. Torço para que expressões de amor sejam proferidas pela boca de todos para todos. E peço que cada um de nós reavalie seu desempenho dentro do empreendimento viver e enxergue a sua responsabilidade sobre cada uma das etapas percorridas, reavaliando-as e buscando indícios para as transformações necessárias ao seu bem estar e a felicidade de todos com quem compartilham a caminhada.

Agradeço a cada um pela oportunidade de aprender, da atenção recebida e a boa vontade aplicada a cada um dos artigos publicados, diariamente. Vocês, com certeza, foram os grandes responsáveis pelo meu melhoramento e minha dívida com cada um se faz enorme por essa possibilidade. Meu amor, minhas considerações e admiração a cada um. Sintam-se beijados, abraçados e recebendo o que a de melhor e mais rico de mim: minha energia e dedicação.

Feliz natal e que Cristo esteja com cada um, hoje e sempre.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

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