sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MORRE LENTAMENTE...

Por Pablo Neruda
Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê ,
quem não ouve musica,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajeto,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor,
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco,
e os pontos sobre os is em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho nos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva que cai incessante
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou
não respondem quando lhe indagam sobre algo
que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço
muito maior que o simples fato de respirar.
SOMENTE A PERSEVERANÇA FARÁ
COM QUE CONQUISTEMOS UM ESTÁGIO
ESPLENDIDO DE FELICIDADE.

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